quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Ilha Fiscal

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 O Motivo de Sua Construção e Sua Origem:
No século XIX, o Conselheiro José Antônio Saraiva do Ministério da Fazenda, solicitou construir-se um posto alfandegário para o controle das mercadorias a serem importadas e exportadas pelo porto do Rio de Janeiro, então Capital do Império. A posição daquela ilha era bastante cômoda para os inspetores da Alfândega, devido à proximidade dos pontos de fundeio, sendo que o translado de mercadorias poderia ser executado em embarcações miúdas, sem grandes dificuldades.

A decisão da construção, assim como a do seu estilo arquitetônico, foram do Imperador D. Pedro II, tendo em conta não conflitar com a paisagem da Serra do Mar. À época, o Imperador teria afirmado: "A ilha é um delicado estojo, digno de uma brilhante joia".

Optou-se assim por um pequeno "château" em estilo gótico-provençal, inspirado nas concepções do Arquiteto francês Violet-le-Duc, com projeto de autoria de Adolpho José Del Vecchio - então Engenheiro-Diretor de Obras do Ministério da Fazenda -, onde se destacavam as agulhas e as ameias medievais a adornar a silhueta da edificação.

O projeto de Del Vecchio foi contemplado com a Medalha de Ouro na exposição da Academia Imperial de Belas Artes, tendo apresentado a seguinte argumentação:
"A construção planejada, tendo de ser levantada isoladamente em uma ilha, projetando-se sobre um fundo formado pela caprichosa Serra dos Órgãos, encimada por vasto horizonte, e de frente para a entrada da baía, devia causar impressão agradável aos que penetrassem no porto, suficientemente elevada para que pudesse facilmente ser vista de qualquer ponto entre a mastreação dos navios, e prestar-se ao mesmo tempo à fiscalização do ancoradouro."

Del Vecchio preocupou-se ainda com a ornamentação paisagística, tendo declarado em reunião no Ministério da Fazenda:
"Arrematei, por pouco tempo, na Praça do Mercado, certa quantidade de cocos da Bahia, já com os brotos, e fí-los transportar para a ilha e plantar em torno; os coqueiros vieram dentro de breve prazo e não tardaram a dar frutos."

Após a decisão do imperador na escolha do projeto para acolher a aduana, os recursos necessários destinados a execução foram liberados em partes e, em 16 de novembro de 1881, foi assente a primeira pedra dando início à sua construção. Após uma série de aterros de modo a aumentar a área de 4 400 m² para 7 000 m², e aplainar as elevações existentes ao preço de 40:5$500 (quarenta contos, cinco mil e quinhentos réis), foi iniciado o castelo.

A 27 de abril de 1889 foi inaugurado o edifício com a presença do Imperador, acompanhado de Gastão de Orleans, Conde d'Eu e brilhante comitiva; o translado do cais Pharoux foi realizado utilizando-se a famosa galeota de D. João VI..

O Que Foi o Último Baile:
No dia 9 de novembro de 1889, há exatos 118 anos, acontecia, no Brasil, um evento muito especial. Nesta data, o Visconde de Ouro Preto promoveu um luxuoso baile no Rio de Janeiro. Mais precisamente no Palacete Alfandegário, uma bela construção localizada na Ilha dos Ratos – hoje, Ilha Fiscal – que ficava na Baía da Guanabara. A idéia era homenagear um dos países vizinhos ao Brasil, o Chile, já que estava atracado na cidade o navio chileno Almirante Cochrane . Por isso, a ilha foi enfeitada com bandeirinhas verdes e amarelas, as cores do Brasil, e azuis e vermelhas, as cores do Chile. A novidade na decoração eram as lanternas venezianas à luz elétrica, ainda pouco usada naquela época.

Além de homenagear o Chile, porém, havia outro interesse por trás do baile... Naquele momento, a sociedade estava cada vez mais insatisfeita com a monarquia brasileira. Em 1888, a Princesa Isabel havia proclamado o fim da escravidão, o que gerou a insatisfação de alguns membros da sociedade. O país ainda se recuperava também da Guerra da Tríplice Aliança, que havia terminado em 1870 e unido Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Nesse sentido, o baile foi uma tentativa de aumentar a popularidade do Imperador D. Pedro II, mostrando o quanto a monarquia ainda era poderosa. Mas quem disse que isso deu certo? Em 15 de novembro do mesmo ano – seis dias após a festa realizada na Ilha dos Ratos –, a República era proclamada e o imperador e sua família foram obrigados a deixar o país.http://chc.cienciahoje.uol.com.br/banco-de-imagens/lg/web/images/chc-on-line/2007/105679b.jpg

Para se ter uma idéia da grandiosidade desse baile, porém, basta dizer que havia por volta de três mil convidados na festa. Durante toda a noite, eles dançaram valsa e polca e comeram dos mais de 15 pratos frios, 11 pratos quentes, 12 tipos de sobremesa, além de mais de 12 mil porções de sorvetes de sabores variados! Os convidados também beberam mais de três mil garrafas de cerveja, vinho, champanhe e licores.

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